jueves, 26 de junio de 2008

Assobiadores e Gritadores


A lua veste-se de galas e leva o seu comprido colar de diamantes. Nos seus pés o dourado pó de areia torna-se cinza na noite e cedo desprende o calor acumulado durante o dia. Não há mais luz do que os olhos que ao meu lado deixam passar os minutos contemplando a beleza da calma. O vento acaricia o lombo das dunas num envolvente som que parece transmitir mais alguma coisa. Ssshhiiiiiiiihh... e faz lembrar o barulho dos lábios entreabertos. Eolo vai ganhando força e parece que transporta o grito surdo do sofrimento eterno, a alma penada que, por perder a Fé, está obrigada a vaguear para sempre no labirinto que é a noite no dunar. Os gritos de angústia confundem-se entre a carícia do vento e o poder da imaginação: “homem que matou homem” carrega a sua alma nas costas, para toda a morte...e esse é o seu fardo até ao arrependimento. Assobiadores e Gritadores; ninguém os vê, mas o povo escuta e comenta. Se fosse eu também não queria ver.

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